sábado, 3 de abril de 2010

SOMOS ESCRAVOS DAS VONTADES ... DOS OUTROS !!!!

Você já foi desafiado a fazer algo que não queria ? Como os desafios de criança que diz: “duvido você fazer isso, ou aquilo ...”. É o desafio à sua capacidade, é provocativo e atenta contra sua honra. E isso não pode ficar assim, sem resposta. E muitas vezes a resposta é aquilo que não queremos mas, para manter nossas posições e sermos aceitos, enfrentamos, corremos riscos.

Claro que, em muitos casos, o “fazer algo” não tem nada de provocativo, nem atenta contra nossa honra, mas abrimos mão de nossa vontade por amor, por exemplo, aos filhos, pais, ao cônjuge e outros. É a escravidão por amor.

Mas não é destas vontades de que quero falar. Falo daquelas que nos são impostas pela sociedade, pelas nossas organizações. Certa vez li um texto, não me lembro de quem, mas dizia que era equivocada a máxima de que “devemos buscar fazer aquilo que gostamos”, pois ninguém nos paga para fazer o que gostamos. Se assim fosse, ficaríamos tirando fotos, lendo livros, assistindo filmes, ouvindo músicas, viajando, etc.

Isso é verdade, mas sempre buscamos adequar o máximo os “pilares” talento, vocação e prazer à realização e sucesso profissional.

Então, se não recebemos para fazer o que queremos, mas aquilo para o qual somos pagos, qual o limite para nossas decisões, visto que, muitas delas vão de encontro à convicções e valores, os quais, às vezes, são postos à prova ?

Bem, verdade é que temos o ímpeto de nos mostrar fortes e partirmos em “aventuras”, mesmo sem nos sentirmos à vontade, mesmo contrariando valores que construímos ao longo de nossas vidas, abrindo mão de valores pessoais e até de sonhos.

Nos tornamos escravos da vontade dos outros !

Segundo Durkheim, “as representações podem ser individuais, quando prevalecem os estados mentais referentes à nossa pessoa, nossa vida como indivíduo, e podem ser coletivas, quando prevalecem os estados mentais referentes ao conjunto de crenças, hábitos e valores, os quais não revelam coisas que pensamos com a nossa própria cabeça, mas sim, aquilo que há dos outros em nós, da sociedade em que vivemos” (...) “A consciência coletiva está viva na cabeça de cada indivíduo, sendo isso que nos obriga a nos comportar conforme o desejo da sociedade.”

E esse desejo (e expectativa) da sociedade, é sempre provocativo e julga com impiedade, podendo taxar-nos de covardes, incapazes e fracos, caso venhamos a recusar o desafio ou falhar na “missão” proposta.

Agimos assim, não por nós mesmos, mas pelos outros. Esperando não frustrar expectativas e tentamos nos mostrar inabaláveis e infalíveis no pronto atendimento àquilo que se espera de nós.

Nunca verão nobreza numa recusa !!!!

Felizes são os loucos, que não são escravos de nada ... nem de sua consciência.

Inquietamente,

Marcus Vinícius T. Cabral
03/04/2010

Um comentário:

  1. Talvez, até pior que o grande drama ambiental atual, esse caos coletivo do "não ser" represente a mais dramática questão humana nestes tempos tão imprevisiveis.

    Parabéns pelo blog e continue nos alimentando com essas inquietudes.

    Iomar Cunha

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